Movimento dos caras-pintadas em 1992: um dos muitos episódios em que o povo foi pra rua exigir mudanças. |
Por Vitor Espinoza
Estima-se que nesta segunda (17/06) 350 mil pessoas foram
às ruas, protestando centralmente contra o aumento das passagens, mas também por um difuso movimento de mudanças.
Ainda está indefinida a a proporção que as
coisas estão tomando no Brasil. Os protestos estão cada vez mais heterogêneos,
e amanhã vai ser maior, um dia gigante e imprevisível. Protestos são convocados
nas redes e nas ruas eclodem em cada canto dos Brasil
A Dilma está com tudo na mão pra avançar
nas mudanças! Ela não faz se não quiser! Tem o respaldo desse povo que
está na rua! Ou será que vai vencer a voz do dinheiro? A voz dos mega
investidores do sistema financeiro?
Reacionário, eu não estou do seu lado. Não vem
transformar esse protesto legítimo em luta contra a
política, contra as bandeiras. Historicamente
foram as bandeiras que tu queres proibir que se ergueram contra a corrupção e
hoje se erguem bem alto pela reforma política que de fato combata a corrupção
que agora te indigna.
Não vem usar nariz de palhaço, não tem palhaço nenhum
aqui. Agora que a mídia comprou a manifestação tu vem dizer que acordou? O povo
brasileiro esteve e está sempre acordado. Saia da frente da televisão e vai
estudar: Revolução Farroupilha, Quilombos, Inconfidência Mineira, Conjuração
Baiana, Revolução de Pernambuco, Confederação do Equador, Cabanagem, Balaiada,
Sabinada, Revolta dos Malês, Abolicionismo, Revolta da Vacina, Revolta da
Chibata, Canudos, Contestado, Tenentismo, Coluna Prestes, criação da FEB, O
Petróleo é nosso, passeatas de 1968, campanha da Anistia, Diretas Já,
Cara-pintadas, Marcha do sem, Conclat.
O povo já está na rua há muito tempo, movimentos sociais
estão mobilizados apanhando da polícia faz muito tempo. São eles os
baderneiros, os vândalos, os que atrapalham o trânsito. Movimento pelo
transporte, Movimento Feminista, Movimento Gay, Movimento pela Terra, Movimento
Estudantil e Trabalhadores Ninguém tava dormindo! Essa violência que espanta
todo mundo não é novidade, não é coisa de agora. Acontece TODOS os dias nas
periferias brasileiras, onde não tem câmera pra registrar ou repórter para se
machucar e modificar o discurso da mídia.
Não podemos admitir que nossa luta seja convertida pela
direita numa passeata contra a política. Contra a corrupção lutamos sim, mas só pela mudança da
política se combate a corrupção. Não é uma causa de neoliberais. Não é
uma causa pelos valores e pela família. Não estamos pedindo o fim do Estado –
pelo contrário, lutamos por um estado forte com educação publica, gratuita e de
qualidade, por qualificação profissional de jovens, mais emprego e melhores
salários fim do preconceito e discriminação.
Então se tu realmente acredita que a mídia tá do nosso
lado, abre os olhos! São muitas as maneiras de se acabar com um levante: força
policial, mídia oportunista, adoção e desconstrução do discurso…
Reacionários estão determinados a também sair do facebook
e transformar a insatisfação coletiva numa versão inchada do elitista Movimento Cansei, com sua pauta
moralista e anti-esquerda. Por outro lado, governistas estão mais preocupados
em deslegitimar as manifestações e em blindar os governos, que não se
pronunciam sobre o que acontece por não conseguirem compreender o novo, e quando
se pronunciam, não conseguem sair de cima do muro.
A multiplicidade
de pautas que desaguam nessa insatisfação generalizada torna impossível
vislumbrar os rumos que as coisas irão tomar. Será árdua a tarefa de
disputá-los mas o caminho é o de um Brasil democrático a serviço do povo mais pobre, qualidade no
transporte publico com tarifas mais baratas.
A pressão nas ruas inclusive já forçou quatro capitais
brasileiras a anunciarem redução ou manter a mesma tarifa nesta terça-feira
(18/06): Porto Alegre, Recife, João Pessoa e Cuiabá no transporte público,
segundo o que anuncia o sítio da Carta Capital.
A juventude brasileira na rua também luta por saúde,
educação e segurança, e como fazer isso? Enquadrando os grandes poderosos,
começando pelos bancos, reduzindo o superávit primário, taxando as grandes
fortunas e distribuindo melhor a renda, com mais direito social para os
trabalhadores, como a redução da jornada de trabalho para 40 h e o fim do fator
previdenciário, porque são os trabalhadores os verdadeiros donos da riqueza do
Brasil.
Queremos uma polícia que respeite o direito de
manifestação contra o governo e contra uma empresa de comunicação. Queremos a
polícia para nos proteger e não para proteger o capital. Queremos a polícia
para proteger o nosso direito de manifestação. Queremos respostas do estado. Queremos
propostas. Queremos expressar a liberdade não só nas
redes e nas ruas, mas também na mídia tradicional que hoje só dá voz aos
poderosos. Queremos uma política séria, honesta, democrática e
transparente.
Estamos numa encruzilhada histórica. Avançar ou
retroceder, depende do resultante da juventude na rua. O presente é tão grande
que não acontecerá sem a participação de cada um de nós pressionando e lutando
por um Brasil melhor sem desigualdades
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