Diversos movimentos sociais e coletivos preparam uma série de ações
para defender um projeto de lei para o Marco Civil da Internet que
contenha a neutralidade de rede, a privacidade do usuário e a liberdade
de expressão. O texto foi elaborado colaborativamente por voluntários,
que também lançam nesta semana o site www.marcocivil.org.br. Abaixo, a íntegra. Para assinar o manifesto, clique aqui.
MANIFESTO INTERNET LIVRE SEMPRE, CENSURA NUNCA, MARCO CIVIL JÁ!
A Internet está ameaçada. Vivemos o confronto entre os que a concebem
apenas como um lucrativo modelo de negócios e aqueles que a defendem
como uma rede preciosa à criação colaborativa, à liberdade de expressão,
à mobilização social e ao fortalecimento de diversos direitos
fundamentais como a comunicação, a cultura e o acesso à informação. O
Marco Civil da Internet é elemento crucial nessa defesa.
Seu texto foi construído em consulta pública inédita na rede, tendo
recebido mais de 2000 contribuições envolvendo academia, governo,
empresas, entidades e movimentos civis. Conhecido internacionalmente
como um dos projetos mais avançados nessa área, é exemplo admirado de
construção de uma Carta de Princípios. Foi formalmente apresentado como
projeto de lei em agosto de 2011 e desde então ficou parado na Câmara
dos Deputados. Porém, graças às recentes denúncias de espionagem
reveladas por Edward Snowden, o Marco Civil passou a tramitar em regime
de urgência e terá que ser votado ainda neste mês de outubro.
Os principais entraves à sua aprovação são os interesses das grandes
empresas de telecomunicações. As operadoras querem a autorização legal
para monitorar, filtrar e bloquear as aplicações e mensagens que
trocamos online, a fim de prever nosso comportamento na rede para criar
dificuldades e vender facilidades na nossa navegação. Porém, a
NEUTRALIDADE DA REDE, garantida no Marco Civil, impede esse tipo de
prática das operadoras, proibindo interferências indevidas no fluxo de
dados e proibindo a discriminação ou privilégio de informações por
razões comerciais ou quaisquer outras que não sejam meramente técnicas.
[A neutralidade da rede é um dos pilares do Marco Civil e nada mais é do
que a forma como navegamos hoje na internet, onde todas as informações
que trafegam são tratadas da mesma forma e com a mesma velocidade.
O projeto de lei assegura ainda importante regra para a PRIVACIDADE:
as empresas de telecomunicações não podem guardar os dados de navegação
dos usuários, o que lhes daria o mapa completo do que cada um faz na
rede para vender a anunciantes e repassar a terceiros.
Além das garantias acima é necessário que a lei garanta também a
LIBERDADE DE EXPRESSÃO. O poderoso lobby da indústria de direitos
autorais quer a todo custo corromper o texto do Marco Civil para
proteger o seu modelo de negócios e esse lobby está surtindo efeito. A
recente inclusão do 2º parágrafo do artigo 15 é prova disso, ele criou
brechas para a retirada de conteúdo sem ordem judicial, o que privilegia
acordos secretos entre essa indústria e os provedores, dando a eles,
agentes privados, o poder de definir se um conteúdo é infringente ou
não, o que deveria caber à Justiça. Esse é o caminho mais fácil para a
censura privada, ferindo a LIBERDADE DE EXPRESSÃO.
Defendemos, portanto, a aprovação do Marco Civil da Internet
comprometido com a integridade dos três princípios fundamentais acima
citados: NEUTRALIDADE DA REDE, PRIVACIDADE e LIBERDADE DE EXPRESSÃO.
PELA LIBERDADE DE EXPRESSÃO, DIVERSIDADE E PRIVACIDADE NA INTERNET!
CONTRA A CENSURA E BLOQUEIO DO COMPARTILHAMENTO DE ARQUIVOS!
EM DEFESA DA NEUTRALIDADE DA REDE!
INTERNET LIVRE SEMPRE, CENSURA NUNCA, MARCO CIVIL DA INTERNET JÁ!
Organizações/coletivos/movimentos que assinaram até 7 de outubro:
Grupo Marco Civil Já – www.marcocivil.org.br
Intervozes
FNDC
IDEC - Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor – www.idec.org.br
Barão de Itararé
Interagentes
Aquario Centro Cultural – www.aquario.tv
Mídia Ninja
Matilha Cultural - SP – www.matilhacultural.com.br
Existe Amor em SP
Advogados Ativistas – www.facebook.com/advogadosativistas
UFES / LABIC – ES – http://labic.net
Coletivo Soylocoporti – www.soylocoporti.org.br
Coletivo Arrua
Coletivo OCUPE A MÍDIA
Coletivo Casadalapa - SP
Coletivo Nós, Temporários - BH
quarta-feira, 9 de outubro de 2013
terça-feira, 8 de outubro de 2013
Tarso diz que mídia tem posição política e jornalista ri. Qual é a graça?
Em entrevista a Roda Viva, governador Tarso Genro disse que "maioria da mídia atravessa suas conviccções através do processo informativo". Jornalista riu como se ouvisse um disparate. Será? |
Acompanhe a transcrição do "duelo", ainda que curto, entre o jornalista Augusto Nunes e o governador entrevistado, sobre a questão da mídia. Em debate, o posicionamento ideológico e político da mídia. Quem levou a melhor? Quem tem a razão?
Augusto Nunes: O senhor usou agora há pouco a expressão "cerco midiático". O senhor aplicou a expressão "massacre midiático" ao caso Battisti. o senhor até disse que alguns colunistas falsificaram a realidade de comum acordo com um governo mafioso, corrupto e desmoralizado da Itália. Por que o senhor só aplica essa expressão quando o governo perde?
Tarso Genro: Não, inclusive no caso Battisti eu não perdi. E o Berlusconi está na cadeia, efetivamente é um mafioso.
Augusto Nunes: Eu vou reformular a minha pergunta que está equivocada. Quando o senhor acha que há alguma conspiração contra o governo. Existe tanta conspiração assim?
Tarso Genro: Sinceramente Augusto, eu não trabalho com essas categorias de conspiração. Eu acho que o que existe é uma luta política de concepções, onde uma parte da mídia e a maioria da mídia atravessa suas conviccções através de um processo informativo, através dos artigos, através da interpretação das notícias, e seria estranho se nós não tivéssemos o direito de nos defender e dizer que essa visão é comprometida ideologicamente a partir de uma determinada visão, a partir de uma determinada concepção de mundo. Seria estranho se a mídia não tivesse posição política né?
Augusto Nunes: De um lado e de outro
Tarso Genro: Eu diria predominantemente contra nós.
Augusto Nunes: (Risos) O senhor acha?
Tarso Genro: Não acho, eu testo isso na própria pele.
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