Pixo com a frase célebre de Eduardo Galeano. (Fonte:web) |
Por Maiara Marinho*
Eu sempre
soube que a informação é transformadora, mas não imaginava que no Brasil
a comunicação é apenas um negócio que gira em torno dos interesses mais
desumanos e cretinos que se possa imaginar. Pois, a lógica é simples:
não importa como o lucro vai ser gerado, mas ele deve existir. Portanto,
independente das consequências que o oportunismo midiático cause na
sociedade e independente de o quanto isso pode ser destrutivo, o
jornalismo no Brasil vai evitar – o quanto puder – atender às
necessidades do povo.
Diante
todas as aberrações com as quais me deparei ao longo da construção do
meu conhecimento, as mais incompreensíveis são o comodismo e o
conformismo exacerbado. Como pode uma parcela da sociedade considerar
inviável modificar a estrutura capitalista sem ao menos tentar? É claro
que é mais fácil deixar as coisas como estão e se adaptar, mas não
necessariamente o que é mais fácil é o melhor. Por isso, critico
veementemente os estudantes de jornalismo que veem a possibilidade de
trabalhar nas empresas de comunicação reacionárias na tentativa de levar
pautas transformadoras. A partir dessa revelação me pergunto se a
transformação que procuram é a da empresa ou a da sociedade. E, me
atrevo a dizer, que nem uma nem outra serão possíveis se pautadas em um
veículo de comunicação representado pela direita.
Se existe
realmente um interesse em modificar o jornalismo no país que seja feito
radicalmente, isto é, comunicando nos meios alternativos e/ou lutando
pela democratização da mídia.
A educação
é a ponte para a transformação social. Mas, o que é a comunicação
senão conhecimento através da informação? Reconheço que as mudanças
necessárias acontecerão ao longo do tempo paralelo à militância e à
dedicação que para ela é dada. Mas entendo que tais mudanças começarão a
partir do momento em que houver pluralidade na comunicação. Pois, com
isso, é possível mostrar o lado da esquerda e o lado da direita. O lado
de quem defende o feminismo, a liberdade de escolha e o lado do
conservadorismo. Com a pluralidade é possível levantar questionamentos,
oferecer informações contextualizadas de fato. Sendo assim, pode-se
excluir um dos conceitos mais debatidos no jornalismo: imparcialidade.
Alguns
jornalistas já questionados sobre a imparcialidade na profissão disseram
que em parte a imparcialidade não existe, mas que ela é necessária.
Como acho improvável que uma empresa vá abordar os dois lados ou três –
seja lá quantos lados forem – e ser plural, considero que a
imparcialidade é um conceito usado para manter os estudantes de
jornalismo imunes a qualquer sentimento de transformação social através
do jornalismo. Portanto, não vejo problema algum em uma empresa de
comunicação ser parcial – apesar de saber que assim já é -. Pois, sendo
assim, fica mais claro saber para quem ela comunica. O que questiono é a
falta de pluralidade na comunicação. Ao saber que a mídia tradicional
comunica a favor de um grupo político, observo claramente uma mudança
significativa na sociedade com a mídia alternativa tendo o mesmo espaço
que a tradicional. Porém, comunicando para a população pobre, negra e
feminina.
O artigo
54 da Constituição Federal de 1988 proíbe que Deputados e Senadores
sejam proprietários ou diretores de canais de TV e rádio. No entanto,
segundo o site Donos da mídia,
271 políticos são sócios ou diretores de 324 veículos de comunicação. E
os partidos políticos – mesmo que com as siglas diferentes – que
apresentam a mesma perspectiva: PSDB, PMDB, PL, DEM. As renovações e
autorizações às concessões são feitas pelo Executivo e o governo se
defende dizendo que uma concessão só pode ser renovada por decisão
judicial. Portanto, lhes pergunto: há possibilidade de modificar a
maneira de comunicar no Brasil sem ações radicais?
*Estudante de jornalismo na Universidade Federal de Pelotas (UFPel)
Fonte: Revista O Viés
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