Foto de Ramiro Furquim Sul 21 |
Débora Fogliatto, com adaptações de Igor Pereira
Fotos de Ramiro Furquim e Tayara Maronesi
A cada quinze segundos uma mulher é estuprada no Brasil. Exposto em um cartaz, esse índice assombroso guiou as milhares de pessoas que protestaram na tarde deste domingo (26), em Porto Alegre. A frase representa as reivindicações da Marcha das Vadias: o fim do machismo, da violência e do abuso sexual. Mulheres, homens, transexuais, crianças, jovens e idosos expuseram seus peitos, suas pernas, colocaram roupas normalmente associadas ao sexo oposto, pintaram seus corpos e levantaram suas placas para pedir igualdade.
A marcha teve início no Parque Farroupilha (Redenção), onde a partir das 14h alguns manifestantes começaram a confeccionar cartazes. Por volta das 15h30, a concentração de pessoas já era grande perto do Monumento ao Expedicionário. Dez minutos após as 16h, horário marcado para o início do evento, a manifestação começou a caminhar pelo parque. Cantando gritos como Vem pra luta, vem, contra o machismo, Ei reaça, teu machismo não tem graça e Quanta hipocrisia, nos estupram depois chamam de vadia, a multidão deu a volta na Redenção e depois seguiu para a Cidade Baixa.
Foto de Tayara Maronesi |
Foto de Tayara Maronesi |
Alguns dos cartazes que podiam ser vistos expunham as reivindicações: Violência contra a mulher: a juventude não aceita, denuncia!, Tirem seus rosários dos nossos ovários, Cantada na rua é assédio, não elogio, Se ser livre é ser vadia, somos todas vadias e outras centenas de frases foram escritas não só em cartolinas, pedaços de papelão e folhas, mas também nos corpos dos manifestantes. No meio da multidão, uma grande faixa preta e roxa exibia os dizeres Não será com algumas mulheres no poder que esqueceremos as milhares escravizadas na cama, no tanque e no fogão.
Bandeiras LGBTs também podiam ser vistas na manifestação, onde gritos contra a homofobia e a favor da diversidade sexual foram entoados, assim como pelo fim do racismo. Eu amo homem, amo mulher, tenho direito de amar quem eu quiser foi uma das frases cantadas pelos manifestantes que expuseram a intersecção entre os movimentos feminista e LGBT.
Para Dora Dias, estudante de Direito na PUC/RS, militante da União da Juventude Socialista e participante da Marcha, ela tem inúmeros significados, mas o central é o respeito e a igualdade de gênero, explica. Durante a marcha tu vê diversos tipos de manifestação, desde 'fora feliciano' à questão do aborto. Desde 'eu beijo quem eu quiser' ao 'o estupro não é nossa culpa', avalia. Para ela, a Marcha tem cumprido o papel de dialogar com a sociedade e aglutinar muita gente com uma forma de manifestação irreverente. Ela chama atenção ainda para o fato de que em relação ao ano passado a Marcha teve maior diversidade de participação. Diferente da do ano passado que a maioria eram jovens e mulheres, nesse ano tinha muitas pessoas de várias idades e homens, ressalta.
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