Barão Gaucho: Nas redes, opiniões diversas sobre as ruas

Foto de Ramiro Furquim (Sul 21) Manifestação de ontem em Porto Alegre/RS

Como não poderia deixar de ser, o Blog Barão Gaucho está acompanhando de perto este movimento gigantesco que tomou as ruas de várias capitais e cidades importantes do Brasil. Estima-se que nesta segunda (17/06) 230 mil pessoas foram às ruas, protestando centralmente contra o aumento das passagens, mas por muito mais do que isso. Um manifestante em Porto Alegre disse ontem ao Sul 21 que “o movimento quer é mudanças profundas”. Mas que mudanças são essas? Em tempos onde as informações circulam em grande quantidade, o grande desafio é decodificar esse grande número de dados. Mas afinal, o que significa toda essa manifestação?

Pesquisamos no ambiente democrático da internet para saber o que blogueiros, jornalistas, intelectuais de esquerda, políticos estão pensando e dizendo sobre o que alguns estão chamando de "A Revolta das tarifas". As opiniões são diversas. Há os entusiastas que identificam nos movimentos sintomas de inconformismo que tem a ver com a falta de acesso a cidade, a violência da polícia e a ânsia de liberdade. Dentre os entusiastas, está inclusive a presidenta da república Dilma Roussef, que considera as manifestações como um sinal de vitalidade do país. "O Brasil acordou mais forte", discursou ela, anunciando que seu governo "está ouvindo essas vozes por mudanças".

A pressão nas ruas inclusive forçou quatro capitais brasileiras a anunciarem redução da tarifa nesta terça-feira (18/06): Porto Alegre, Recife, João Pessoa e Cuiabá já anunciaram redução da tarifa do transporte público, segundo o que anuncia o sítio da Carta Capital.

Mas se há os entusiastas, também há os cautelosos. Marco Weissheimer, colunista do Portal Sul 21, destaca algumas cenas e combinações preocupantes nas revoltas. Embora ressalte "a legitimidade e o valor do que vem ocorrendo nos últimos dias no país", Weissheimer aponta a ausência de direção política como um fator que pode não dar consequencia aos protestos. Ele destaca que as redes sociais e mobilizações não substituem programas e organização política.

Também nessa linha, o blogueiro Cadu Morais alerta que o fascismo e o neoliberalismo são "Dois movimentos mundiais que se posicionam contrários aos partidos políticos". Segundo ele, "Um por cercear o direito à organização popular e o outro por “incentivar” a não organização e o individualismo doentio".

Para o jornalista Rodrigo Vianna, o destino do atual movimento está indefinido. Pode tanto descambar para um conservadorismo como para uma retomada de um movimento de massas rumo a um novo modelo de desenvolvimento. Também nessa linha, o historiador Narendranath Costa alerta que "é preciso dar rumo a estas manifestações antes que a direita conservadora e golpista o faça".

O também jornalista e blogueiro Roberto Dias revela-se simpático aos movimentos de massa, declarando que não pode silenciar quando a voz se ergue para gritar. Ele dá sua interpretação para as mudanças profundas que motivam os protestos: "Queremos estádios, sim, no Brasil da Copa do Mundo, mas também saúde, educação e segurança. Como faz isso? Enquadrando os grandes poderosos, a começar pelos bancos, reduzindo o superávit primário, taxando as grandes fortunas e distribuindo melhor a renda, com mais direito social para os trabalhadores, como a redução da jornada de trabalho e o fim do fator previdenciário, porque são esses os verdadeiros donos da riqueza do Brasil", afirma.

Já havíamos dito antes que todas essas manifestações que tem ocupado as ruas e as redes são grandes demonstrações da ânsia da população por expressar a liberdade e reivindicar direitos legítimos. No entanto, não significa que esse movimento será vitorioso. Pode inclusive levar a retrocessos, se prevalecer a violência ao invés do diálogo, o espontaneísmo ao invés da busca de soluções políticas. Estamos numa encruzilhada histórica. Avanço ou retrocesso, depende da resultante das forças em disputa. Acompanhe as demais frases colhidas pela internet de blogueiros e intelectuais de esquerda. Opine também e participe. O presente é tão grande que não acontecerá sem a participação de cada um de nós.