quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Lançamento lotado e com debate de nível

O auditório do Sindicato dos Bancários ficou lotado para o lançamento do  núcleo  gaúcho do Centro de Estudos da Mídia Alternativa Barão de Itararé nesta segunda-feira (16). Criado em 2011, o Centro Barão de Itararé é uma iniciativa de veículos da mídia progressista e de entidades que lutam pela democratização da comunicação, maior pluralidade e diversidade informativa e cultural no país. Em 2013, vários núcleos estaduais estão sendo formados com o objetivo de ampliar esse movimento e articular blogueiros, jornalistas, comunicadores populares e ativistas digitais de todo o Brasil.

No lançamento da seção gaúcha do Centro houve um debate reunindo os blogueiros Altamiro Borges (Blog do Miro), Cristina Rodrigues do Gabinete Digital do Governo do RS, Miguel do Rosário (Blog O Cafezinho e Marco Weissheimer do Blog RS Urgente. Sob o tema "A espionagem e a Ditadura da Mídia", o debate ocorreu no mesmo local onde um pouco antes foi lançado um telejornal congregando as TVs Comunitárias do RS. O lançamento foi prestigiado com a presença de Eliane Silveira, do Fórum Nacional de Democratização da Comunicação (FNDC), Marcelo Nepomuceno da Secretaria de Comunicação do governo do RS, o deputado estadual do PCdoB RS Raul Carrion, a Diretora do Sindicato dos Jornalistas Vera Daisy Barcellos, o ativista do software livre Marcelo Branco, a blogueira do Centro de Estudos Ambientais Cíntia Barenho, além de várias lideranças do governo e de lideranças estudantis e populares.

Abrindo o debate, Cristina Rodrigues lamentou que a mídia no Brasil não assuma seu posicionamento político. "O que vemos são veículos de imprensa falando mal do governo sem dizer que fazem oposição. O problema não é fazer oposição e sim se fazer passar por imparcial". Ao avaliar a concentração da comunicação no RS, classifica-a como ilegal: “O principal grupo de comunicação do setor atua de forma ilegal, desrespeitando a Constituição ao possuir 18 canais de televisão só no RS, jornais e rádios – inclusive uma rádio transmitindo o mesmo conteúdo em AM e FM, o que não é permitido – em todo o estado e em Santa Catarina”.


Já o blogueiro Marco Weissheimer lembrou a importância do tema da democratização da mídia sair de círculos restritos e virar debate de domínio público. "O debate sobre a democratização da mídia não deve ficar restrito aos jornalistas e profissionais de mídia. É nosso dever levar esse debate para a sociedade e transformá-lo em algo que as pessoas entendam, porque isso diz respeito a vida de todos os cidadãos", pontua. E a respeito da espionagem, lembra que pela internet são os próprios cidadãos que acabam entregando dados pessoais. "A alta tecnologia da espionagem global somos nós mesmos, não satélites espiões, nem raios invisíveis. Nós estamos entregando diariamente nossos correios, nossos segredos, as fotos e os nomes de nossos filhos e irmãos, de nossos amigos, o que comemos, onde vamos, com quem vamos, tudo isso envolto em um papel de presente transparente", afirma. Ele argumenta que ao se inscrever no Facebook ou Google, o usuário autoriza o armazenamento de informações no território norte-americano, que o utiliza de acordo com seus interesses. Para ele, os cidadões digitais estão "dispostos a fazer de suas vidas, e a de seus amigos, familiares e colegas de trabalho ou de estudo, um livro absolutamente aberto".

Miguel do Blog O Cafezinho, que recentemente em seu facebook disse que a presidenta Dilma deveria agradecer Edward Snowden por denunciar a espionagem estadunidense sobre o Brasil, lembrou que a smanifestações de junho no Rio de Janeiro foram essencialmente contra o governador Cabral e contra a mídia. "No entanto o monopólio midiático silenciou essa manifestação, que ficou invisível, não chegou no Congresso, não chegou no Poder público", avalia.

Finalizando a mesa de debate, o blogueiro e articulador nacional do Barão de Itararé pontuou que não há como tentar democratizar os veículos que exercem o monopólio hoje. "Não vamos conseguir democratizar os grandes grupos que estão aí. A disputa se dá na construção e fortalecimento dos nossos veículos de comunicação. Criando um sistema público que agregue TVs e rádios comunitárias, que fortaleça a blogosfera", defende. Para ele, a luta pela democracia na mídia atua hoje em três frentes: "a questão da neutralidade da rede, ou seja, garantir livre produção e circulação de informações na rede; a quebra do monopólio e o fortalecimento dos nossos instrumentos de comunicação. 


E avalia que a democratização da mídia não avança porque existe uma visão eleitoreira de política. "Disputar a hegemonia não se resume a disputar o calendário eleitoral", defende ele. E na disputa da hegemonia a questão da mídia é central. Sobre espionagem lembra que a internet é uma via que está sendo disputada por interesses antagônicos. Lembrando o livro de Julian Assange que no livro Cypherpunks equipara a vigilância via internet a uma “ocupação militar”. Chegou a tal ponto, diz ele, que é como se cada um de nós tivesse “um soldado embaixo da cama”. Mesmo assim ele considera que é possivel fazer resistência na internet, lembra o papel da blogosfera, que denunciou o esquema de sonegação da Globo, por exemplo. "A blogosfera, contudo, exerce um papel de guerrilha, que fustiga, incomoda a mídia hegemônica, mas o monopólio tem um exército regular, que tem muita influência ainda na sociedade", afirma.

Veja mais fotos do lançamento


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